PERFUME DE
GARDÊNIA
CHRISTIANE TORLONI & JOSÉ MAYER
Daniel, um motorista de táxi que trabalha de madrugada para pagar
as prestações do Fusca, é casado com Adalgisa e tem um filho,
Joaquim.
Preparada para ser apenas uma dona de casa, Adalgisa, uma bela
mulher, por acaso começa a fazer cinema.
Ela
abandona a família e é proibida por Daniel de ver Joaquim. Durante
11 anos, Daniel se martiriza e nutre um sentimento de vingança,
que ganha força quando Joaquim, já adulto, reencontra a mãe, em
plena decadência profissional.
Daniel passa a se apresentar à polícia assumindo crimes que não
cometeu, um plano bem arquitetado para que ele pudesse cometer um
crime perfeito, matar sem ser considerado culpado.
Mas
no final, aquele homem que parecia ter controle sobre a vida, as
emoções e seus planos tem um revés: percebe que tudo escapou entre
seus dedos.
Mas
não deixe de ver os erros também.

Diretor: Guilherme de
Almeida Prado
Escritor: Guilherme de Almeida Prado
Gênero: Drama /
Policial
Site: http://www.hemisferiocultural.com.br/starfilmes/perfume.htm
Star Filmes

Título Original:
Perfume de Gardênia
Tempo: 118 minutos
Cor: Colorido
Ano de Lançamento: 1992
- Brasil
Recomendação: 16 anos

ELENCO
Betty Faria .... Odete
Vargas
Raul Gazolla .... César Lamas
Helena Ignez .... Burglar
José Lewgoy .... Ody Marques
Sérgio Mamberti
Cláudio Marzo .... Delegado
José Mayer .... Daniel
Walter Quiroz .... Quim
Guará Rodrigues
Christiane Torloni .... Adalgisa
Maria Alice Vergueiro
Paulo Villaça .... Burglar
FICHA TÉCNICA
Música .... Hermelino
Neder
Fotografia .... Cláudio Portioli
Edição .... Danilo Tadeu
Direção de Arte e Figurino .... Luiz Fernando Pereira
Assistente de Direção .... Tania Lamarca
Departamento de som .... Luiz Adelmo
Cenografia .... Luís Rossi
Direção de produção .... Sara Silveira
Produção executiva .... Assunção Hernandes
PRODUTORAS
Star
Filmes
RAIZ
DISTRIBUIDORAS
Sagres Filmes
Star Filmes

ERROS
1. No começo do filme
quando Daniel é assaltado pelo casal, vemos a mulher retirando a
foto da esposa e do filho que está no painel, mas depois Daniel
simplesmente arruma a foto no painel que está torta e que não foi
recolocada pela mulher. A foto deveria estar em outro lugar,
provavelmente no chão.Erros
do FalhaNossa.com
2. Daniel no outro dia
pede um pano de chão e vai limpar o sangue das vítimas que
respingou no seu fusca, o problema é que ele limpa o sangue com
apenas um pano e água. Ele deveria ter usado esponja e sabão, pois
o sangue de um dia para o outro já deveria ter coagulado e grudado
na lataria do veículo, e em outros lugares também, o que seria
praticamente impossível de remover apenas com água.Erros
do FalhaNossa.com
3. Na primeira cena do
filme da empregada da zona sul, Odete chama César pelo seu nome de
ator, mas na primeira vez que Odete aparece fazendo o outro filme
em que Adalgisa participou como figurante, o nome do homem que ela
procurava também era César. Será que não existia outro nome para o
personagem?Erros
do FalhaNossa.com
4. No cinema na
estréia do filme Daniel e Adalgisa estão vendo a empregada servir
bebidas. Na primeira cena percebemos que ela leva alguns copos em
sua bandeja, mas depois César já aparece com o copo na mão antes
mesmo da empregada lhe servir. Se ele já tinha um copo, os outros
que estavam na bandeja não poderiam ter desaparecidos.Erros
do FalhaNossa.com
5. A empregada aparece
penteando o cabelo de Adalgisa na cena do filme. Observe que a
posição da mão da empregada segurando a escova muda entre as
tomadas quando Adalgisa lhe segura.Erros
do FalhaNossa.com
6. Depois de assistir
Vampira do Sexo, Daniel vai até seu fusca e abre a porta para um
cliente. Observe que a posição da sua cabeça muda entre a tomada
de longe e a de frente do carro, agora bem mais baixa do que na
tomada anterior.Erros
do FalhaNossa.com
7. Quando Adalgisa
entra no táxi que seu filho está dirigindo, ela está usando por
incrível que pareça os mesmos óculos que Odete usava na primeira
cena de figuração de Adalgisa. Será que durante tantos anos estes
óculos ainda estavam na moda? Ou será que Adalgisa pegou de Odete?Erros
do FalhaNossa.com
8. Na cena do bar onde
Adalgisa canta, vemos que o pianista não toca absolutamente nada
no seu instrumento musical.Erros
do FalhaNossa.com
9. Quando o delegado
tira Daniel da cela e bate nele, o taxista fica confessando que
matou César Lamas. Na primeira tomada de dentro da cela vemos
Daniel ficar numa certa posição, que é completamente diferente da
tomada feita do lado de fora um segundo depois. Inclusive na
segunda tomada ele nem aparenta mais sentir dor, o que acontecia
antes.Erros do
FalhaNossa.com
10. Quim aparece
assistindo uma cena de sua mãe na televisão quando está com sua
namorada. Depois de muito tempo, dias e até meses, ele aparece
assistindo a mesma cena. Isto seria muito improvável de acontecer
pois ele não tinha vídeo-cassete. A emissora estar reprisando o
filme naquele exato momento seria muito improvável.Erros
do FalhaNossa.com
11. Depois de
confessar outro crime, Daniel aparece entrando no seu táxi e
ligando o taxímetro. Porque ele faria isto se não tinha nenhum
cliente?Erros
do FalhaNossa.com
12. Na delegacia
Daniel aparece confessando o crime das duas pessoas dizendo que os
matou porque eles queriam roubar seu táxi. O problema é que ele
está confessando um crime que aconteceu há pelo menos 15 anos
atrás e que nada tem a ver com o crime atual onde os dois foram
metralhados. Existe aqui um pouco de incoerência.Erros
do FalhaNossa.com
13. Depois do ensaio
da peça de teatro, Adalgisa vai até o camarim com seu filho. Neste
momento entra um mulher e veste uma outra roupa na atriz. O
problema é que Adalgisa está sentada com seu roupão na primeira
tomada, mas quando se levanta está apenas de sutiã.Erros
do FalhaNossa.com

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IMAGENS E CURIOSIDADES
"O PERFUME DA MINHA GARDÊNIA"
(texto escrito para o "press-release" de lançamento de "Perfume de
Gardênia" em abril de 1995)
Fazer este filme é um dos projetos mais antigos de que eu me
lembro. Comecei a desenvolver o argumento nos anos 70 pensando em
contar a estória de uma estrela do Cinema Novo; uma mistura de
Norma Benguel com Leila Diniz. Depois esqueci a sinopse numa
gaveta até que, no início dos anos 80, um produtor da Boca do Lixo
me pediu uma estória para filmar com Helena Ramos. Então transferi
o argumento para uma estrela de pornochanchada, mas mesmo assim o
projeto continuou abandonado numa gaveta.
Em 89, eu e mais cinco colegas cineastas formamos uma empresa
chamada "Casa de Imagens". Nós estávamos descontentes com o rumo
que o cinema brasileiro estava tomando naquele momento: com o fim
abrupto das pornochanchadas, havia deixado de existir um gênero
popular brasileiro e a grande maioria dos cineastas estavam
preferindo buscar o caminho aparentemente mais fácil das
co-produções internacionais milionárias e abandonando totalmente o
público e o mercado brasileiro. Nós seis nos propúnhamos a
rediscutir, em seis filmes de longa-metragem, diferentes
possibilidades de uma dramaturgia cinematográfica brasileira
voltada para uma platéia de brasileiros e com orçamentos
compatíveis com o mercado nacional. Juntos desenvolvemos dezoito
estórias, três de cada um. Das estórias que eu apresentei apenas
uma era nova e era aquela em que eu mais acreditava. Chamava-se
"Cine Brasil" e era uma espécie de paródia de "O Baile" de Ettore
Scola, contando a estória dos banheiros masculino e feminino de um
cinema, desde os tempos do cinema mudo até a sua transformação em
uma "igreja de Deus". Uma proposta de estudar a influência do
cinema no cotidiano das pessoas que eu aproveitei em parte no
roteiro final de "Perfume de Gardênia". As outras duas estórias eu
tirei da gaveta apenas para completar a minha cota de três. Mas,
para meu espanto, todos meus colegas foram unânimes em afirmar que
eu deveria desenvolver a estória de "Perfume de Gardênia", que
naquela época se chamava "O Menino que Gritava Lobo!". E assim eu
escrevi o roteiro que acabou sendo o único dos seis projetos a ser
filmado. Cada um dos projetos desenvolvidos pela "Casa de Imagens"
procurava analisar a realidade brasileira dentro de um prisma
diferente. Dentro deste projeto de pesquisa, meu projeto era o que
procurava unir duas tendências fortes da dramaturgia popular
brasileira: de um lado as telenovelas, numa leitura mais concisa e
psicológica e, do outro, o teatro brasileiro, mais especificamente
os exemplos populares de Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Jorge
Andrade.
Como nos meus outros filmes, a base da estrutura dramática eu
procuro retirar da dramaturgia dos sonhos. Eu acredito que esse
parentesco que os filmes tem com nossos sonhos noturnos tem grande
importância no sucesso que a linguagem cinematográfica tem tido no
nosso século. E acredito que a tendência desse parentesco é se
estreitar e caminhar para um cinema mais livre das estruturas
convencionais que herdamos do teatro e da literatura. No caso
desse filme eu trabalhei mais próximo da estrutura dos pesadelos.
Um pouco disso se deveu à própria situação em que o filme foi
realizado, logo após o desmanche do cinema brasileiro perpetrado
pelo governo Collor. A proposta sempre foi fazer um filme que
incomodasse um pouco o espectador em sua cadeira, mas a idéia
original era fazer o filme com um tratamento mais irônico e menos
negativo da realidade; só que o clima sombrio e pessimista desse
período acabou se refletindo no clima um pouco soturno que eu dei
ao filme.
Por outro lado, esse filme resultou de uma mudança muito grande de
minha postura em relação ao cinema. Eu sempre fui um cinéfilo e
esse meu hábito de ir ao cinema todos os dias, com o tempo, acabou
se transformando em uma obsessão. De repente eu percebi que já não
ia mais ao cinema por prazer, mas por obrigação. Eu fazia questão
de assistir a todos os filmes. Isso fazia com que eu achasse os
filmes cada vez mais aborrecidos, longos e repetitivos. Na
realidade, eu é que havia perdido a capacidade de sentir prazer
vendo um filme. Isso acontecia particularmente com os filmes
brasileiros que, até por influências culturais e históricas, tem
uma linguagem mais analítica e reflexiva e, do ponto de vista de
quem está com pressa, muito mais chata. Eu considerava todos
filmes brasileiros tediosos e inúteis. Nem meus próprios filmes
escapavam desses adjetivos e foi isso que me chamou a atenção de
que alguma coisa estava errada comigo mesmo. Meu reencontro com o
prazer de sentar duas horas despreocupado na cadeira de uma sala
escura e me deixar levar por imagens, sons, alegrias, aflições,
mundos e idéias, também representou a minha redescoberta do cinema
brasileiro e de suas possibilidades e desafios criativos únicos e
originais. Busquei encontrar as origens desse prazer nos filmes
que tinham marcado a minha formação cinematográfica, filmes como
"O Bandido da Luz Vermelha" de Rogério Sganzerla, "O Capitão
Bandeira Contra o Doutor Moura Brasil" de Antônio Calmon, "O
Grande Momento" de Roberto Santos, "São Paulo S.A." de Luiz Sérgio
Person, "Noite Vazia" de Walter Hugo Khoury, "Memórias de Um
Estrangulador de Loiras" de Júlio Bressane, "Amor Palavra
Prostituta" de Carlos Reichenbach, "Fome de Amor" de Nelson
Pereira dos Santos e, evidentemente, as pornochanchadas de Ody
Fraga e da Boca do Lixo, onde comecei minha carreira profissional.
Mais uma vez, um pouco como um vampiro de cinemateca, montei a
minha estória pelas diversas trilhas do cinema brasileiro nesses
seus quase cem anos. |
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